manifesto artesanias
Artesanato ou artesania, no seu sentido literal, é a arte feita com as mãos. Mas há outros significados – aliás, como é da natureza das palavras nessa riqueza que é a língua portuguesa. Aqui nos apegamos à ideia do fazer com cuidado, com o tempo que requer, com a dedicação e a pessoalidade necessárias.
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A Editora Artesanias quer ser o oposto do produzir em série, do foco na escala e no resultado econômico, apenas. O que não representa, porém, uma recusa às modernas tecnologias e à sustentabilidade do negócio.
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A tecnologia sofisticada e de ponta é, paradoxalmente, nossa aliada, pois, graças à relativa democratização dos meios de produzir editorialmente, de venda e distribuição de livros, em formato impresso e digital, nossa existência é possível.
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Nos reservamos o direito de ser “pré-capitalistas” – ou, quem sabe, pós-capitalistas – no avesso do produzir em massa, na forma, no detalhe, no processo. Mas contemporâneos na técnica e na comunicação, com o uso das redes sociais e de diferentes e inovadores formatos para a divulgação e disseminação dos projetos.
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Nossa proposta é publicar livros de autores vitais, em especial os estreantes, com poucas chances nas editoras tradicionais. O nicho principal é o de não ficção, com foco nas áreas da sociologia, economia, política, jornalismo e estudos da cultura.
Mas a ficção, com a ênfase em novos talentos da literatura brasileira, da prosa e do verso, experimentadores, transgressores, com coragem de trazer temas difíceis, desconfortáveis, encobertos, doídos, necessários, tem seu espaço garantido.
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Não vemos sentido em editar livros se não for para desbravar novos caminhos, dar passagem ao pensamento crítico, ao que é forçado à invisibilidade, e se arriscar. Temos, acima de tudo, um compromisso: com o debate livre de ideias e a disposição em ajudar a construir uma sociedade mais igualitária, solidária, inclusiva, plural e ambientalmente saudável.
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Outro futuro é possível
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No início desse século, milhares de movimentos com uma proposta de horizontalidade, espírito libertário, disposição para ecoar múltiplas vozes, culturas, etnias e uma justa crítica ao neoliberalismo – com seu rastro nocivo de desemprego, miséria e devastação ambiental –, uniram-se num slogan: “Um outro mundo é possível”.
Era uma reação à frase atribuída a Margaret Thatcher, ex-primeira-ministra do Reino Unido “there is no alternative” (“não há alternativa”). Uma recusa à ideia de que não havia outro caminho que não o do capitalismo, cada vez mais oligopolizado e selvagem, e o da globalização aniquiladora e pasteurizante.
Os fóruns sociais mundiais a partir de 2001 (sendo o primeiro, lendário, em Porto Alegre) ajudaram a catalisar essas várias iniciativas. De lá pra cá, assistimos à evolução de algumas propostas, como a economia solidária, o bem-viver, o decrescimento e ao fortalecimento de lutas como a ambientalista, das mulheres, dos povos indígenas, pretos, periféricos, LGBTIQIAPN+, entre tantos “outros” antes à margem.
Não tem sido fácil, porém. A destruição causada pela voracidade do capital e a relação cada vez mais problemática entre homem e natureza estão seriamente ameaçando a nossa vida no planeta. A desigualdade e o ódio só aumentam. E a palavra de ordem que se impõe, agora, é um pouco diferente: Um outro futuro é possível. Em relação a este que já parece desenhado, inexorável.
É preciso, é urgente, que seja, sim, possível, ou que nos esforcemos para forjar as soluções.
Como editora, nos impomos a função de organizar e publicar propostas, análises, visões e críticas de quem esteja pensando formas de evitar o pior desfecho. Há criatividade e disposição para formular novas utopias. Tem gente fazendo acontecer e querendo passar adiante suas experiências.
Esse é o compromisso da editora como um todo, e, em particular, da coleção “Para salvar o mundo”, que lançaremos em breve. Textos ágeis, descomplicados, formato de bolso, um chamado a conhecer, propor e agir. Enquanto há tempo.
Venha com a gente!

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